domingo, 26 de junho de 2022

 Tudo o que reluz é anzol

 Está tudo normal

Como sempre, indo mal

Eu tinha nome 

Depois um número 

Hoje 

Só sombra 


Da árvore,

Nem sombra

Da história,

Nem sombra

Os rastros ficarão

A boiada deixa, eventualmente, seu rastro


sábado, 11 de junho de 2022

Balada da terra plana


hasteio a bandeira

branca 

iço o ferro

continuo navegando

ao

redor do buraco

traço o rumo: a

beira do mundo


cada copo americano

uma tempestade

cada corpo ao sul

Encar quilha

vertigem na garrafa 

garrafas secas

sem mensagem


mesmo em terra

com água por dentro

com os olhos salgados

mareamos 

nunca tão longe do mar

nunca tão perto


mesmo no cristalino mergulho

nunca tão perto

quando a água cai

do céu

enlameia

inunda e afoga

Aflitos 

palafitas

nunca tão longe


águas passadas 

movem 

redemoinhos

e a tormenta

ventos alisam 

vento forte é o que te pega desprevenida


das cinzas às cinzas

do pó ao pó

da água à àgua 

re

volta 


a última viagem:

derrota 

nos leva sempre

para um estado:

O liquído


não verás futuro sólido

líquido é o seu verdadeiro estado

a vida só pode ser verde

onde molha

no vapor que sai da boca você vê:

A alma é água


 Tudo o que reluz é anzol