Tudo o que reluz é anzol
Anoitações
domingo, 26 de junho de 2022
sábado, 11 de junho de 2022
Balada da terra plana
hasteio a bandeira
branca
iço o ferro
continuo navegando
ao
redor do buraco
traço o rumo: a
beira do mundo
cada copo americano
uma tempestade
cada corpo ao sul
Encar quilha
vertigem na garrafa
garrafas secas
sem mensagem
mesmo em terra
com água por dentro
com os olhos salgados
mareamos
nunca tão longe do mar
nunca tão perto
mesmo no cristalino mergulho
nunca tão perto
quando a água cai
do céu
enlameia
inunda e afoga
Aflitos
palafitas
nunca tão longe
águas passadas
movem
redemoinhos
e a tormenta
ventos alisam
vento forte é o que te pega desprevenida
das cinzas às cinzas
do pó ao pó
da água à àgua
re
volta
a última viagem:
derrota
nos leva sempre
para um estado:
O liquído
não verás futuro sólido
líquido é o seu verdadeiro estado
a vida só pode ser verde
onde molha
no vapor que sai da boca você vê:
A alma é água
sábado, 1 de janeiro de 2022
Brasil
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
Um sol vivo sobrevoa minha cabeça
Um sol pra cada um de nós
Seis bilhões de sóis queimam
Sozinhos
Eu não preciso encontrar ninguém
Se eu cruzar com um animal diferente, um que voe, vou sorrir
Busco animais que cortem o vento
Não preciso encontrar alguém
Não ter compromisso, nem reunião importante, não ter marcado
ser a última a pisar na lua
Ninguém me espera, moro longe
Não preciso encontrar todas as pessoas do mundo
O relógio bate as horas
Mesmo que eu não pudesse escutar, há o sol
Há sóis, sombras
Horas no chão
Horas a escorrer, caindo em pé, correndo deitadas
E não há no mundo quem eu precise encontrar
É tarde
Tava eu na parada de onibus quando vi um roedor entrar na toca
Um bueiro aberto na calçada
É tarde, pensei comigo, pra ir atrás de um rato
Mesmo assim entrei com a cabeça lá dentro
E na água escura vi meu rosto refletido
Mas também já era tarde para amar minha própria imagem
Além do mais, eu estava indo pegar a condução
Escuto que no mar de piedade quem canta são os tubarões
Só que é tarde para me jogar aos dentes pontiagudos
da fome dos outros
Pego o Rio Doce, lotação
Chego salgada de suor
na água, piranhas
Preciso olhar minha casa
já é tarde
Para catar flores na margem e ouvir o canto de peixes
Com a boca cheia de dentes
Pego o elevador, e mesmo que minha alma subisse aos céus, já é tarde
Há anos permaneço imóvel, para visitação
Convites para entrar e arrombamentos
Preenchem meus dias
Mas é tarde para confiar na valorização
As rachaduras só aumentam
E aqui alaga
E andei pensando bem
Talvez eu pegue o elevador e desça
Até o subsolo
Mas o tempo não passa
e ainda é cedo demais
Melaço
Dissolver
Ou derreter?
O mundo é líquido viscoso
Pessoas doces, doces feito cana
Pessoas frias, suores frios
Pessoas todas, histórias tortas
Perdas no caminho
Icebergs no caminho
Degelo no caminho
Lagos de sal, chuva de pó
Mar doce, piedade
Tudo é um desafio que quero
Sonhei o sonho da sorte
Mas perdi os números
Um dia
Cada vez que eu dou um passo
Uma pedra
O caminho é de terra
O caminho pode ser de água
O possível caminho no ar
Chuva de iceberg, vento de navalhas
Fogo com fome de tudo, o que restará
Pedra sobre pedra
Empilho rochas
Muro ou ponte?
Tombar pedras
É possível?
Lutar hoje, luto eterno, nasci chorando.
Quero morrer rindo.
Vou remar pra longe
Longe dessas ilhas
ninguém é uma ilha
No entanto cavam ao redor
lagos para se ilhar
São como castelos
Eu quero a ponte
Pedra sobre pedra
Rolando em ciranda
Tudo o que reluz é anzol
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Está tudo normal Como sempre, indo mal Eu tinha nome Depois um número Hoje Só sombra Da árvore, Nem sombra Da história, Nem sombra Os r...
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Tudo o que reluz é anzol