sábado, 3 de abril de 2021

 Os dias estão passando fluídos sem deixar pegadas, deixam uma espécie de muco claro no tempo, dias de outono.

Irritação nos olhos, irritação nas narinas, mofo em casa imaginando onde será a próxima revolução do espírito. Não quero a revolução discreta de um filme ou música ou poesia, quero grande.

Por detrás do texto organizado, absurdo, uma pessoa sem graça, uma pessoa pra dentro, uma pessoa sem voz, a muda. Gosto de boiar, gosto de ouvir, gosto da janela do transporte. Gosto da possibilidade de viajar agora, um dia, pra onde. Existem tempos, coexistem. Eu vivo o que poderia ser o futuro (nunca será) e isso é estar à frente e atrás do meu tempo. Eu vivo também o passado (que não foi) para reprimir um pouco a ansiedade, para proteger esse silêncio. 

Essa ansiedade pelo futuro não seria uma fé em algo absurdo? Seria melhor o trabalho pelo futuro, garante mais. A fé remove entranhas, desde antes. 

A fé destrói milhões. O meu mundo é generosidade, a qualquer custo.

Não quero que me vendam. Não quero que me vendam nada. Eu sou a mosca, quanto é que eu valho, amor?


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